Pesquisaí

quarta-feira, março 24

O Pangaré e o Garanhão

Grigory Perelman

O cidadão da foto, um dos maiores gênios vivos da matemática, descobriu a solução lógica para um problema esotericamente badalado e resolvido, matematicamente dificílimo, e cujo labirinto já tinha matado vários: a Conjectura de Poincaré.

Dizia Poincaré que qualquer espaço sem furos era equivalente a uma esfera esticada, e não trabalhou na solução, provavelmente tocado pelo insight gnóstico de que tudo o que vemos é uma expressão do espírito, representado por um círculo.

Enfim, Poincaré deixou a palavra e deu-se a batalha pela prova. E eis que aquele que a resolveu, mesmo com 1 milhão em uma pasta levada à sua porta por uma instituição filantrópica, disse:

- Tenho tudo o que quero.

Explico: quando Perelman ganhou a medalha Fields em 2006, achou que a matemática estava fazendo política ao dar a medalha para outros 2 cidadãos, e não só não foi à solenidade como abandonou a matemática como profissão remunerada.

Agora, em 2010, 8 anos depois de ter apresentado a solução do que Poincaré conjecturou, vieram dizer-lhe que ninguém foi capaz de refutar sua prova. Aproveitaram e trouxeram-lhe $1.000.000,00 oferecidos pelo instituto Clay de Matemática a cada um de 7 desafios lógicos escolhidos e intransponíveis há um tempo.

Entre a prostituição e a solidão, Perelman fez sua escolha.

Essa é a diferença entre o pangaré e o garanhão.

sábado, março 20

Kaossilator

The moment we ran our fingers over the touchpad of the Kaossilator and heard the otherworldly sounds of the future we were hooked. This pocket sized music synthesizer is like nothing we've seen before. Rather than using keys or buttons to play musical notes, the Kaossilator features a revolutionary touchpad design. Move your finger from left to right to change the pitch of the note, and up and down to change the sound. But musical sounds are only the beginning, the Kaossilator can also be used like a drum kit with dozens of built in beats and drum sounds. Plus you get some amazing sound effects from laser blasts to Pac Man. You can put everything to good use with the built-in loop recording feature which lets you layer virtually unlimited tracks to create complex songs combining lead instruments, drum beats and sound effects together.


You would think that all this power at your fingertips might be difficult to wield... but actually we were pretty amazed at how easy it is to make some great sounding music. You'll almost feel guilty belting out some danceable beats with virtually no effort. The Kasossilator is also a great tool for DJs and allows you to tap your finger to the beat of any existing music, this sets the beats per minute and then you can play along with all your beat loops in sync. You can change the key you play in, or choose from different scales... and you get tons of different arpeggiator patterns. But we digress... watch the video and all will be revealed young grasshopper.

segunda-feira, março 15

Imortal

Engraçado pensar nisso agora com esse vídeo, mas já dizia Asimov que a descoberta na ciência não vem do Eureka, mas do Engraçado. De fato acho cabal o fato da ciência feita com espírito substantivo gerar graça.

Mas e a imortalidade, o que pensaria da vida em si, elocubro. Movimento, dança, saudade, organismos mais infantis, espontâneos, francos, sinceros, intrépidos, fraquezas não levadas pela disciplina, amores vãos, vens, que foram, platão, heráclito, o cão, de manter viva a atmosfera de um incenso, ascensão. Saudade é uma das faces do brilho da jóia. Talvez seja a saudade a idade da saúde.

sábado, março 13

Banksy em Bristol

Em inglês o sufixo "-cy" transforma a palavra em um estado ou qualidade de ser algo, relacionado ao segundo significado de uma posição ou ranking. Bom, o post e vídeo remetem ao grafiteiro da Inglaterra que, com a licença do artista iconoclasta, batizou-se iconicamente de Bank+cy(sy), alguém que detém o poder ideológico de Banco, daquele que idealmente guarda e rende os valores dos homens. Banksy subverte o poder bélico e monta sua arte escrutinizando os becos das cidades, a sublime forma da sujeira, a mosaica rebelião contra a percepção totalitária da arquitetura midiática, mostrando o poder e santidade da rua. E o faz muito bem.

quinta-feira, março 4

Experimento Socialista em ato único

Um professor de economia na universidade Texas Tech disse que ele nunca reprovou um só aluno antes, mas tinha, uma vez, reprovado uma classe inteira.

Esta classe em particular tinha insistido que o socialismo realmente funcionava: ninguém seria pobre e ninguém seria rico, tudo seria igualitário e 'justo. '

O professor então disse, "Ok, vamos fazer um experimento socialista nesta classe. Ao invés de dinheiro, usaremos suas notas nas provas." Todas as notas seriam concedidas com base na média da classe, e portanto seriam 'justas. ' Isso quis dizer que todos receberiam as mesmas notas, o que significou que ninguém seria reprovado. Isso também quis dizer, claro, que ninguém receberia um "A"...

Depois que a média das primeiras provas foram tiradas, todos receberam "B". Quem estudou com dedicação ficou indignado, mas os alunos que não se esforçaram ficaram muito felizes com o resultado.

Quando a segunda prova foi aplicada, os preguiçosos estudaram ainda menos - eles esperavam tirar notas boas de qualquer forma. Aqueles que tinham estudado bastante no início resolveram que eles também se aproveitariam do trem da alegria das notas. Portanto, agindo contra suas tendências, eles copiaram os hábitos dos preguiçosos. Como um resultado, a segunda média das
provas foi "D". Ninguém gostou.

Depois da terceira prova, a média geral foi um "F". As notas não voltaram a patamares mais altos mas as desavenças entre os alunos, buscas por culpados e palavrões passaram a fazer parte da atmosfera das aulas daquela classe. A busca por 'justiça' dos alunos tinha sido a principal causa das reclamações, inimizades e senso de injustiça que passaram a fazer parte daquela turma. No final das contas, ninguém queria mais estudar para beneficiar o resto da sala. Portanto, todos os alunos repetiram o ano... Para sua total surpresa.

O professor explicou que o experimento socialista tinha falhado porque ele foi baseado no menor esforço possível da parte de seus participantes.

Preguiça e mágoas foi seu resultado. Sempre haveria fracasso na situação a partir da qual o experimento tinha começado. "Quando a recompensa é grande", ele disse, "o esforço pelo sucesso é grande, pelo menos para alguns de nós. Mas quando o governo elimina todas as recompensas ao tirar coisas dos outros sem seu consentimento para dar a outros que não batalharam por elas, então o fracasso é inevitável."

"É impossível levar o pobre à prosperidade através de legislações que punem os ricos pela prosperidade. Cada pessoa que recebe sem trabalhar, outra pessoa deve trabalhar sem receber. O governo não pode dar para alguém aquilo que não tira de outro alguém. Quando metade da população entende a idéia de que não precisa trabalhar, pois a outra metade da população irá sustentá-la, e qua ndo esta outra metade entende que não vale mais a pena trabalhar para sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do fim de uma nação.

É impossível multiplicar riqueza dividindo-a."

Adrian Rogers, em 1931"

quarta-feira, março 3

Adeus

Um homem entra por acaso num café de livraria e pede uma água com gás. Uma mulher percorre lombadas de uma prateleira com os dedos. O homem olha com atenção aquela mulher maravilhosamente desconhecida. Estamos no momento em que faltam poucos segundos para que ele se levante e vá falar com ela.

Ou ainda: um homem lê o jornal na praia. Uma mulher, três barracas depois, precisa do caderno de classificados. Esse homem maravilhosamente desconhecido lhe atrai. Estamos no momento em que faltam poucos segundos para que ela se levante e vá falar com ele.

Esse momento se repete milhões de vezes, todos os dias, a qualquer hora, em qualquer parte do mundo. Normalmente é fruto do acaso (“uma teia de coincidências”), mas pode também fazer parte de uma orquestração que envolva terceiros. As variações sobre ele são infinitas. Pode acontecer na saída de um teatro, numa madrugada de aeroporto, num velório, num bloco de carnaval, pela internet etc.

Pouco importa o que está no fundo da cena. Importante é o que há em comum entre todos esses encontros. Dizer olá ao desconhecido sempre será começar a despedir-se do futuro conhecido. A história que unirá os que tiverem sorte é uma cerimônia de adeus. Uma mais ou menos longa cerimônia de adeus.

***

Peço licença e me aproprio de algumas rolandbarthianas questões – inúteis, logo veremos. Serei capaz de olhar o rosto de quantas mulheres ao longo da vida? Centenas de milhares? Milhões? Entre as donas desses rostos, desejarei algumas centenas. Mas estarei sempre amando só uma. E por que não outra? O que me fará escolher exatamente essa e não aquela? O que me fará ter medo de perdê-la?

Formulação melhor para essa pergunta: o que me fará querer despedir-me dessa e não daquela?

A mecha de cabelo que cai sobre a testa, a cintura fina, o formato das panturrilhas, o jeito que ri? O seu suor? Ou uma palavra? Um gosto em comum? A timidez do ridículo? O livro que escolhe para ler? O senso de humor? O toque dos dedos? O tom da voz? Jamais saberemos. Novamente, pouco importa o que está no fundo da cena.

Depois de eleito o objeto de desejo, alguém lúcido diria que o amor se construirá sobre camadas de engano e falsas ofertas. Até que cumpra sua vocação irresistível (a despedida) e ressurja num novo encontro entre dois novos anônimos, depois daquele instante vertical que existe entre olhar, levantar-se e dizer “olá”.

O risco de saber disso tudo é, num ato falho, saudar alguém na praia ou na livraria dizendo “adeus”.

***


- Adeus.
- Como?
- É isso. Começou a acabar agora... Nós dois, eu digo.
- Mas eu te conheço?

***

Um bom começo para crer na possibilidade de adiar eternamente esse adeus é curar o excesso de lucidez. Para isso, recomenda-se esquecer os parágrafos acima imediatamente. Além de não ler filósofos germânicos, poupar-se do cinema sueco - e do novo cinema dinamarquês. E, claro, ter fé no acidente.

João Paulo Cuenca

segunda-feira, março 1

Cocô de Boi

Foi meteórico. Apareceram e se mostraram relevantes por matriciar tantas irrelevâncias. Antes vagavam com mística, os Weasel, as Buzzwords, usos de clássicos conceitos em meio à intelectualóideidade, esoterismos em simulacros, raridades em lugares-comum. Ilusões. Bullshit.

Porque a única palavra do boi é o OM.

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